sexta-feira, 21 de agosto de 2009

“Sem liberdade não há jornalismo” de Eugênio Bucci

A afirmação do título é do jornalista Eugênio Bucci, que mostra nas páginas do livro A imprensa e o dever da liberdade, que os jornalistas não têm direito de abdicar da sua liberdade.

O jornalista Eugênio Bucci lança, pela Editora Contexto, o livro A imprensa e o dever da liberdade. Bucci, que trabalhou em algumas das principais redações do país, sempre foi um batalhador do jornalismo que faz a diferença, que cobra os poderosos, que questiona, que é independente. E isso exige liberdade. “Sem liberdade”, argumenta, “não há jornalismo”. O autor afirma que a sociedade tem o direito de contar com os serviços de jornalistas e de veículos noticiosos, ativamente livres.

Em seis capítulos fortes, contundentes e – principalmente –corajosos, Bucci faz um livro imperdível para aqueles que acreditam no jornalismo. Hoje, interesses concentrados e organizados ameaçam a liberdade indispensável à prática do jornalismo. A imprensa e o dever da liberdade analisa as principais fontes desses interesses, às vezes a partir de casos reais, em textos que foram elaborados entre 1997 e 2008. A primeira dessas frentes pode ser vista no capítulo um, ‘... e o jornalismo virou show business’, que se refere ao modo pelo qual a indústria do entretenimento vem engolindo não apenas o discurso jornalístico em geral, como também os órgãos de imprensa em particular.

O segundo capítulo, ‘A promiscuidade com as fontes segundo O beijo no asfalto’, estabelece uma reflexão a partir das relações escusas entre um delegado de polícia e um repórter numa peça de Nelson Rodrigues. O que está em xeque, é a associação entre o profissional de imprensa e sua fonte para produzir efeitos lucrativos para ambos por meio da manipulação do noticiário.

Em ‘Informação e guerra a serviço do espetáculo’ é discutido as ações de comunicação do governo americano na fase preparatória da invasão do Afeganistão e, mais tarde, do Iraque. São estudadas as teias de cooptação da imprensa pelo poder de um Estado – não de um Estado qualquer, mas daquele que se põe como o mais forte de todos, os Estados Unidos.

O quarto capítulo, ‘Jornalistas e assessores de imprensa: profissões diferentes, códigos de ética diferentes’, põe em destaque uma das mazelas brasileiras da profissão: a confusão que os sindicatos de jornalistas insistem em promover entre ocupações distintas e às vezes opostas, a do assessor e a do jornalista propriamente dito.

O tema da entrada indevida do governo na esfera da imprensa é examinado com mais profundidade no quinto capítulo, ‘Verdade e independência numa empresa pública de comunicação’. “Nesse texto, não é ocioso notar, pesa bastante a experiência que tive entre 2003 e 2007, ao presidir a Radiobrás, em Brasília”, indica Bucci.

Finalmente, o último capítulo é aquele que emprestou o título a este livro: “A imprensa e o dever da liberdade”. Nele, o autor chama atenção para a necessidade de observarmos com mais rigor a independência em relação aos governos e aos movimentos sociais organizados, que hoje se articulam em redes capazes de cooptar e instrumentalizar parte da cobertura.Uma obra indicada para os amantes do jornalismo, para alunos e para professores que procuram entender como se deve buscar a liberdade na profissão, sempre com ética e verdade.

Eugênio Bucci é jornalista e professor doutor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Integra o conselho curador da Fundação Padre Anchieta (tv Cultura de São Paulo). Foi presidente da Radiobrás (de 2003 a 2007) e secretário editorial da Editora Abril (1996-2001).

Livro: A imprensa e o dever da liberdade – A independência editorial e suas fronteiras com a indústria do entretenimento, as fontes, os governos, os corporativismos, o poder econômico e as ONGs
Autor: Eugênio Bucci
Formato: 14x21 cm; 144 páginas
Preço: R$ 27,00
Fonte: ABN Agência Brasileira de Notícias

Fontes contemporâneas: imprensa, organizações, associações...

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Iconografia

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Paris, 1968

História das esquerdas latino-americanas

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