domingo, 5 de abril de 2009

Exposição reúne obras que mostram a evolução do mito Joseph Stalin em imagens e na arte


São Petesburgo.
A ostentação dos retratos ou as imagens gravadas em papel higiênico: uma exposição traça a percepção do "paizinho dos povos" — congelada, monstruosa ou como simples tema artístico, na pintura russa dos últimos 80 anos. "A exposição mostra a evolução da imagem de Stalin, do desabrochar do culto da personalidade a nossos dias", explica Galina Larionova, colaboradora do Museu de História Política de São Petersburgo onde a mostra está sendo apresentada.
Nas primeiras imagens oficiais do início dos anos 30, "o camarada Stalin" aparece como "o primeiro entre seus pares". É com frequência rodeado de camponeses, trabalhadores. Com a fisionomia preocupada ou séria, deixa transparecer em minúcias as emoções. Nos anos 40 e 50, nas telas de grandes mestres da época soviética, "o paizinho dos povos" torna-se mais estático e monumental, sua imagem toma traços divinos. Quarenta anos mais tarde, as pinturas da perestroïka se concentram sobre o autor das grandes expurgos de 1937-38. Num cartaz do pintor Sergueï Veprev, Stalin aparece tendo como fundo uma estrela vermelha sangrante, em arame farpado. Para os pintores modernos, Joseph Stalin não representa mais "a encarnação do mal" mas um tema como qualquer outro. O quadro de Sergueï Baskakov "Durex. N1 in URSS" representa Stalin numa embalagem de preservativo. Na concepção de Iuri Tchinnik, "Segunda vida", rolos de papel higiênico representando o ditador soviético são colocados numa biblioteca. "Os pintores modernos, como muitos russos, principalmente os jovens, não têm uma opinião mais firme sobre Stalin", estima Milena Gogolitsynia, especialista em arte. "Ele não é mais um ídolo como o foi para seus avós nem um monstro como para seus pais (..) Para eles, é apenas um objeto de arte", explica. "É uma vergonha colocar o retrato de Stalin em papel higiênico. Ele ficará na História para sempre como um grande homem", comenta Viatcheslav Porchikov, um aposentado de 70 anos. Para muitos russos, Stalin permanece, antes de mais nada, como o estrategista da vitória sobre os nazistas, motivo de um imenso orgulho nacional, e do império soviético, hoje defunto, que ia de Berlim Oriental a Vladivostok. Cerca da metade dos russos (47%) têm percepção positiva de Stalin, contra menos de um terço (29%) que demonstram opiniões negativas, segundo as pesquisas sobre a questão publicadas em fevereiro de 2006 pelo instituto de opinião russa FOM. O ditador soviético foi colocado em terceira posição na lista de "heróis" da História russa em dezembro, durante uma votação pela TV.
A exposição fica aberta até 20 de abril. (Da Agência France Press)

Fontes contemporâneas: imprensa, organizações, associações...

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Iconografia

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Paris, 1968

História das esquerdas latino-americanas

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